sábado, 15 de janeiro de 2011

Tecnologia não é mágica! Não é mesmo!

A filosofia de codificação ainda não evoluiu tanto como a filosofia de usabilidade e design, apesar da expansão do universo de certificações e metodologias que deveriam colaborar com isto.

Qual a diferença fundamental entre a Soyuz soviética e o Space Shuttle norte americano?
Resposta:A segunda nave tem muito mais tecnologia que a primeira, o que não a impediu de sofrer mais vexames públicos do que o arcaico aparato espacial da finada URSS. A primeira foi desenvolvida para o básico, realizar missões espaciais, a segunda, além do básico, sempre pretendeu dar um show de tecnologia.

Às vezes é assim mesmo, tecnologia demais, riscos demais, resultados, quase os mesmos. É por isso que em pleno século 21, ainda existem ferramentas extremamente simples e funcionais como réguas, lápis, canetas esferográficas e chaves de fenda.

Embora "qualquer tecnologia suficiente avançada possa parecer mágica"(Sir. Arthur C. Clarke), uma coisa é bem diferente da outra.

Se os projetos web tratassem as sofisticações como melhorias, deixando para dar "show" depois de o básico estar garantido, tudo seria mais fácil e feliz no mundo da TI.

Mas não. Todo mundo quer ver "efeito" na tela. Então se o que vale é impressionar, vamos aplicar tecnologias que gerem firulas para o usuário, sem pensar se isso está ou não tomando o tempo e o foco das funcionalidades básicas do projeto, ou se vai funcionar no ambiente final da aplicação, nas condições finais e mais estressantes de utilização.

Nada contra dar espetáculo, mas que tal garantir o básico primeiro? De que adianta usar a melhor tecnologia, seja para fins de excelência, padronização, pesquisa ou para simplesmente impressionar o usuário se o sistema entregue não cumprir o mínimo que devia atender?

Houve um tempo em que quanto mais a página fosse povoada de texto e elementos gráficos, mais era valorizada. Hoje é consenso que em geral, quanto mais "limpa" uma página web, mais ela tende a prover ao usuário o que ele precisa.

Em geral muitos desenvolvedores ainda se apegam aos marabalismos e pirotecnias, incorporando-os nas funcionalidades básicas dos projetos, ao invés de tratá-los como upgrades. A filosofia de codificação ainda não evoluiu tanto como a filosofia de usabilidade e design, apesar da expansão do universo de certificações e metodologias que deveriam colaborar com isto.

Trabalhando com web desde 1999, já passei por várias experiências onde o uso de tecnologias que pareciam "mágica" para o usuário, como Remote Script ou Magic Ajax, acabou atrasando bastante certos projetos, pois embora independentemente fossem atrativas, havia outros fatores de arquitetura ou infraestrutura envolvidos que criaram muita dor de cabeça, atrasos e frustrações para o cliente e toda a equipe que entrou no embalo de dar show antes de garantir o básico.

Voltando ao universo de Arthur C. Clarke, no filme 2001 - Uma odisséia no espaço, onde ele colabora com o diretor Stanley Kubrick, um dos detalhes mais interessantes de se observar, é que o computador vilão HAL, desenvolvido com a mais alta tecnologia e que se torna perigosamente poderoso e inteligente, acaba sendo subjulgado pela determinação humana aliada à uma simples chave de fenda.

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